ArtigosCidades InteligentesComo cinco cidades inteligentes estão lidando com a pandemia do coronavírus

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Inteligência artificial, segurança de dados, streaming de eventos, agricultura urbana, inovação. Inúmeras tecnologias podem vir a ser úteis para o combate à crise do novo coronavírus, mas ainda são poucas as cidades que conseguem rapidamente se apropriar de tecnologias existentes para promover melhorias na qualidade de vida de seus cidadãos.

Fonte: Gazeta do Povo

Com o objetivo de compartilhar boas práticas que já estão sendo realizadas ao redor do mundo, o Smart City Expo Curitiba – edição brasileira do maior congresso de cidades inteligentes do mundo – promoveu, nesta quinta (30), uma maratona de cinco lives no Instagram que entrevistou especialistas de diferentes países para entender o cenário da pandemia em cidades inteligentes.

A cobertura completa e a íntegra dos bate-papos você encontra no GazzConecta, media partner do Smart City Expo Curitiba 2020.

Mérida, México

No México e no Brasil, o impacto do coronavírus no mercado de eventos é imensurável. Inúmeros eventos tiveram edições canceladas, enquanto outros optaram por postergar para datas mais seguras. Mas como adaptar esses eventos à nova realidade que existirá após a pandemia?

Mediada pelo sócio-diretor do iCities Caio Castro, o bate-papo contou com a presença de Manuel Redondo, diretor da Fira Barcelona México e organizador do Smart City Expo Latam Congress, que acontece anualmente na cidade mexicana de Mérida. A conversa traçou paralelos entre as edições brasileira e mexicana do evento, considerado o maior congresso de cidades inteligentes do mundo.

A palavra é replanejamento, destaca Redondo. Agora é o momento de repensar nossos eventos, focando em como propor agora um evento de alto valor em todos os sentidos pós-crise.

Para Redondo, dois eixos são fundamentais para esse replanejamento. O primeiro está em repensar a curadoria de conteúdo em congressos para que as reflexões possam responder a questionamentos atuais.

O segundo eixo é pensar como oferecer uma boa experiência remotamente. “No mundo todo, será complicado viajar nos próximos meses. Vamos voltar aos poucos à normalidade, e nesse contexto é necessário propor modelos de eventos que funcionem dentro destas circunstâncias.

Segundo Ricard Zapatero, presidente da Fira Barcelona, capital da Catalunha é pioneira no uso de tecnologias para conter coronavírus.| Foto: laura guerrero
Barcelona, Espanha

Cidades inteligentes organizam seus recursos para que, através de novas tecnologias, ela implemente políticas para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos. Esta é a definição de smart city porRicard Zapatero, CEO da Fira Barcelona Internacional – empresa criadora maior congresso de cidades inteligentes do mundo, o Smart City Expo World Congress.

Neste momento de pandemia, Barcelona é uma das pioneiras em mostrar como as tecnologias existentes já podem ocupar um papel fundamental na guerra contra o coronavírus. Zapatero elencou diversos exemplos que como a cidade tem utilizado as inovações para tomar decisões mais assertivas para a população.

Um dos exemplos citados pelo especialista é a criação de um aplicativo que mostra o grau de perigo de contágio da Covid-19 em diferentes partes da cidade baseada na geolocalização dos cidadãos contaminados. Essa base de dados é feita de forma colaborativa: cada um atualiza seu próprio status.

Já existem aplicativos que monitoram número de casos, permitindo que autoridades de saúde entrem em contato diretamente com os cidadãos para dar informações relevantes de prevenção do contágio, explicou o especialista.

Além da estratégia micro, é com base no número de contaminados do aplicativo que o poder executivo pode tomar ações estratégicas maiores para ajudar a mitigar os efeitos do vírus, como na administração do transporte público – controlando o número de veículos nas ruas segundo o número de pessoas circulando, diminuindo aglomerações.

“Esse é o maior desafio de gestão desde a Segunda Guerra Mundial. Há 70 anos não tínhamos uma aceitação de que temos um objetivo único em comum: a saúde da população”. Zapatero lembra que a Espanha viveu um momento bastante dramático na pandemia, com uma curva de infectados entre as maiores da Europa.

Londres, Reino Unido

Reino Unido foi o 4ª país com o maior número de unicórnios em 2019: foram 13 o número de empresas que entraram para o clube do U$S 1 bilhão. E Londres está no epicentro da inovação que é feita no país. Nos últimos anos, a cidade viu bairros inteiros serem reformulados e tomados por startups, que se organizam em ecossistemas de inovação para apoiar uns aos outros.

Este foi o cenário traçado por Florença Ferreira, relações públicas da ONG World Smart Cities Forum, empresa criada em janeiro de 2020 para dar apoio a startups que desenvolvam projetos implementados em cidades inteligentes pelo mundo. Apesar da recente formalização, a ideia da WSCF nasceu em 2015, quando o atual presidente da empresa, Jaewon Peter Chun, passou a dar consultorias em projetos – como no Docklands Light Railway (DLR), trem suspenso que integra o transporte público de Londres. Segundo Ferreira, atualmente a empresa tem trabalhado em projetos com o Vietnã.

Nós apoiamos qualquer governo que veja necessidade de construir projetos de smart cities, mas que tenham foco no cidadão. Existem projetos voltados à beleza da cidade, que não são funcionais e não impactam na qualidade de vida. Nós focamos em outro tipo de projeto: o que se centraliza nos cidadãos, explica a especialista.

Ferreira explicou que Londres concentra diversas comunidades integradas de inovação, que proporcionam benefícios como infraestrutura básica para startups, networking e consultoria de marketing digital durante a pandemia. É o caso da Level 39, incubadora que se considera a comunidade tecnológica mais integrada do mundo. Algumas das empresas que fazem parte desse ecossistema são a brasileira SalaryFits, a Revolut e a eToro.

Atlanta, EUA

O escritório de resiliência da Prefeitura de Atlanta, nos Estados Unidos, teve um papel-chave na contenção dos efeitos da pandemia do coronavírus na cidade. A distribuição de alimentos para comunidades vulneráveis durante a crise e o incentivo à agricultura urbana realizada pelos moradores em seus próprios lotes são exemplos de iniciativas que têm diminuído a desigualdade social explicitada pela crise.

Quem dá esse depoimento é Larisa Paredes Muse, especialista em cidades inteligentes e vice-presidente da Norma IEEE P2784 (padrão técnico do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos), que mora em Atlanta (EUA).

Atlanta tem como mote redefinir o que é smart e promover equidade para todos os habitantes com a resiliência urbana. É uma cidade americana clássica, com subúrbios, rodovias de alta velocidade e com baixa densidade demográfica, explica a especialista. Aqui, houve um diferente padrão de contágio, primeiro pelo distanciamento natural, segundo porque o transporte público é muito limitado – aqui tem protagonismo de transporte individual, algo cultura -, e porque Atlanta atuou rapidamente no endereçamento das questões da pandemia, relata.

Muse lembrou de duas iniciativas norte-americanas que mostraram rapidamente como a tecnologia pode ser usada a favor de cidades melhores. Uma delas é pelo aplicativo Ourstreets, que nasceu como um app colaborativo de informações de trânsito mas, durante a pandemia, rapidamente mudou o modelo de negócios. O app disponibilizou um sistema de banco de dados de supermercados para identificar onde o consumidor pode encontrar itens em falta, como papel higiênico e álcool gel.

A outra iniciativa mencionada é a GoodCo., que faz redistribuição de alimentos próximos do descarte para comunidades vulneráveis.

Para a especialista, a logística entre mobilidade e alimentação é fundamental, e deve ser bem administrada pelas cidades para garantir o sustento das famílias.

Sem capilaridade de transporte público, você não consegue fazer que comunidades desprovidas de infraestrutura urbana, tenham acesso a um direito básico como a alimentação. O sistema de abastecimento dos supermercados é muito frágil. O agricultor do outro lado do país está jogando comida fora, queimando estoque. Como o governo não consegue fazer a conexão do produtor que está queimando comida com quem está passando fome?, questiona.

Medellín, Colômbia

A cidade colombiana Medellín é uma das que tem ganhado destaque na América Latina pela eficácia na organização de seu ecossistema de inovação para combater o coronavírus. Uma testemunha dessas ações é Juan Andrés Vásquez, diretor executivo da Ruta N – um centro de inovações e negócios que articula iniciativas públicas e privadas de Medellín.

Durante a pandemia, a Ruta N foi responsável por quatro grandes frentes de atuação que fizeram diferença na atuação da cidade frente à pandemia.

A primeira diz respeito à uma articulação da rede para conseguir o máximo de respiradores para a rede hospitalar da cidade, em uma ação chamada InspiraMED.

Fizemos em dois meses o que teríamos levado dois anos normalmente, afirma Vásquez.

A segunda ação foi relativa ao aumento dos testes diagnósticos de Covid-19 na cidade – que chegou a uma média de seis mil testes diários com a ajuda de um investimento do governo.

Outra iniciativa foi a criação da plataforma de dados Katia Health, que engloba inteligência artificial, machine learning e big data, fruto da conciliação de tecnologia de cinco empresas privadas. O software cria “quarentenas inteligências” com base em regiões da cidade em que as pessoas precisam de maior apoio.

Por fim, a empresa colombiana Easy Co criou máscaras de proteção aos trabalhadores de saúde que diariamente atendem casos de Covid-19 na cidade, produção alavancada pela Ruta N.

Vásquez pontuou que o resultado positivo também é resultado da atuação do Comitê Universidad Empresa Estado – uma aliança estratégica criada em 2003 entre atores destas três áreas com reuniões periódicas para discutir ações de inovação no município. Segundo ele, isso prova quanto o ecossistema de inovação de uma cidade inteligente organizado ajuda a atender os desafios e necessidades.

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