Estacionamentos públicos gratuitos custam caro para as cidades e seus moradores
Com 70% das grandes cidades do País cobrando pelas vagas públicas para veículos (seja via concessão do serviço à iniciativa privada ou diretamente pelas prefeituras), a proporção estacionamentos pagos é pequena quando comparada com o total de espaços disponíveis nos municípios para esse fim. De acordo com a pesquisa de João Melhado e Paulo Speroni, há em São Paulo 44 mil pontos para estacionar tarifados, 39 mil no Rio de Janeiro e menos de 5 mil em Porto Alegre. Lisboa (Portugal), citam eles, que é menor que essas localidades, possui aproximadamente 100 mil vagas pagas.
Além da baixa oferta, os autores verificaram que a média dos preços cobrados nos estacionamentos públicos nas 27 capitais avaliadas é de R$ 1,74 pela primeira hora de utilização. Em São Paulo, esse valor pode chegar até R$ 5,00. Eles apuraram ainda que oito dessas cidades não contam com qualquer tipo de tarifação – quatro delas na região Norte, três no Nordeste e uma no Centro-Oeste. Já em relação ao valor da passagem no transporte coletivo, foi identificado que somente Rio de Janeiro e São Paulo cobram mais pelas vagas nas vias urbanas do que por uma viagem de ônibus, a diferença, contudo, é bastante pequena: inferior R$ 0,50. “Ou seja, considerando os custos das tarifas de ida e volta em transporte público comparado ao preço para estacionar um carro, é muito mais barato tirar o automóvel da garagem (para quem tem um)”, afirmam.
Nas capitais investigadas, com exceção de São Paulo e Rio de Janeiro, os usuários de ônibus pagam, em média, R$ 3,99 pela passagem. Segundo o estudo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba são as localidades com as tarifas de ônibus mais caras do Brasil. Já as mais baratas são as de Recife e Brasília, sendo a diferença entre os preços do transporte coletivo e dos estacionamentos mais próximos na capital de Pernambuco (em torno de R$ 3,50 e R$ 3,00, respectivamente) e bem maior em Brasília (cerca de R$ 3,50 e R$ 2,00).
A partir dos dados averiguados, Melhado e Speroni propõem algumas ações práticas que podem auxiliar na gestão do meio-fio dos municípios e no uso mais coletivo do atual espaço ocupado pelos veículos nas cidades. Entre as iniciativas, eles sugerem que as prefeituras repensem a utilização das áreas hoje voltadas para estacionamentos públicos, com o desenvolvimento de calçadas mais largas e seguras, faixas exclusivas para ônibus e bicicletas, locais para lazer e comércio, como parklets e foodtrucks, e lugares para embarque e desembarque de pessoas e de cargas. Precificação dinâmica das vagas, baseada na demanda em determinadas vias em diferentes horários, aprimoramento da fiscalização por meio da tecnologia e destinação dos recursos arrecadados para políticas de mobilidade ativa e coletiva.
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